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Vontade

Não é da copa das árvores que quero o verde,

mas dos teus olhos;

Não é das flores que quero a macies,

mas da tua pele;

 

Não é dos ventos que quero o frescor,

mas do teu hálito;

nem das bromélias quero o perfume,

mas do teu corpo.

 

Dos habitantes do mundo,

quero o silêncio e o sossego,

Da natureza,

o vigor.

 

Nada mais quero que a tua presença;

De mim e de ti,

a eterna vontade de pertença

e do que nos cerca,

terreno propício a essa vontade.

Querer

Quero do teu corpo,
Beber cada gota,
Do teu olhar
Ser o pouso

Tua saliva em minhas entranhas
Minhas maos em tua geografia
Da noite, só quero o tempo

Do tempo, tua poesia
Dorme comigo linda moça
Que a aurora a ti trago

Nao quero nada mais q teu afago
E a ternura da tua voz

Não era o meu nome
Não era o que eu falava
Era você em mim
Não podia esperar mais nada

Tentar anular o que me há de mais sublime
Não foi das escolhas mais inteligentes
Posto que a tua voz
Trouxe-me nova vida
Posto que o teu olhar
Me abdicou do estar a esmo

Não sei do destino
Se vais, ou ficas
Mas tenho a certeza terna
De que em meu coração habitas.

A efemeridade do tempo

O tempo da efemeridade

És a mais bela de todas

Não importa a idade

 

No gancho do telefone

No passar dos segundos

Acabam-se os créditos

Mas és tu, o meu mundo

 

Minutos, meses e dias

Não me deixam esquecer

És como tatuagem

És meu amanhecer

Recordar é viver

Os corredores amarelos, numa palidez mórbida, a grama num verde musgo, portas brancas como de UTIs… o silêncio na voz dos caminhantes fazia de todas as tardes uma composição fúnebre da minha falsa existência.

 
Transeuntes num andar bêbado e distraído, gesticulando e contando os causos diários como epopeias. Não havia nada além dessa angustiante mobilidade estática.
 
Certo dia, certa reunião, mais precisamente, adentrara alguém, tocara alguém… numa dessas portas de UTI, entrando numa das salas de cor amarelo-pálida, travestindo uma nova cor, um novo elemento se somara ao meu acanhado arco-íris.
 
Essa nova cor, o roxo, trouxe muito além do seu significado, era um roxo de comportamento verde, era a cor da espiritualidade com espírito de esperança…
 
Essa cor não era estática, tampouco muda, tímida sim… mas não era tumular, dava-me vida…
 
Eu precisava dessa cor para compor o quadro que ouso chamar de vida, busquei-a, então. Dia após dia, das mais variadas formas, até que ela pousou no meu aquarela, expulsando a aparência cadavérica das outras cores e fazendo vários contrates, a cada pincelada dela neste meu quadro.
 
Por vezes, o quadro ficou empoeirado, meio sem vida, mas o roxo sempre voltava, pra preencher as imperfeições, como um salva-vidas em socorro de um banhista distraído.
 
De todas as cores do meu aquarela, a única que não pode faltar é ela, pois é ela que move tudo que é estático, é ela que faz brilhar cada nuance, cada perspectiva que dá a profundidade certa dos meus mundos imaginários.
 
É o roxo que faz meu mundo cada vez mais azul celeste.

Era a noite,

encontravam-se uma ao lado da outra
a primeira, sorridente
a segunda, brilhante
 
As estrelas olhavam acanhadas
o sorriso de uma, aumentava o brilho da outra
fazendo do céu a paisagem ideal para este fortuito encontro
 
Vênus parecia pequena, acanhada
Tal meu engano, rs
A lua a enamorava, em seu arco iluminado
Admirando-a, tamanha a sua beleza e força
 
Ah, a lua… tão grande e tão pequena
tão solitária e tão acompanhada pelos casais das praças
Vênus era a parceira ideal para o processo inverso de apreciação
 
Vênus era a companheira certa das furtivas noites da lua.

Quiça!

Quiçá um dia

no calar da noite

estejamos nós, em nova corte

ouvindo o desabrochar da vida

Quiça um momento eterno

em um minuto,

visto por todos,

esquecido por muitos.

Quiça possamos sonhar,

e da aurora contemplar as cores,

cores vívidas, cores

Quiça possamos caminhar,

livre estrada,

mãos entrelaçadas,

pouso em lar tranquilo.

Quiça não uma noite

mas muitas

não quiçá,

mas certeza!

Veloz

Um breve instante
Silhuetas distas
A mímica dos corpos
Um caminhar farrista

No taxi o primeiro contato
Nas palavras, as primeiras impressões
Poesia e teatro
Vagueando por canções

Francesa baiana
Baiana alemã
Que em tua memória não se apague
Àquela noite vã

Que nos muitos dias de nossas vidas
Sejam sensatas, as nossas escolhas
E que a insanidade hora tão boa
Eternize-se em nosso olhar

Redes Não-sociais

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Um mar de falsos justiceiros ronda estas terras,

Profetas de areia pousam na verdade os seus comentários ardilosos

Assistem e analisam os fatos como narradores de sua própria ignorância

E quanto mais falam e acusam,

Mais recaem sobre seus ombros as culpas que alheiam.

Em séculos de tecnologia e informação imediata

É também perene a sede de oprimir, sem ser oprimido e julgar, sem ser julgado.

O status de santo é sempre disponível e ocultas são as empoeiradas verdades,

Escondem-nas para que não sejam também arrebatados pelas garras atrozes

Dos senhores da razão,

Dando a Cesar o que é de David e a David o que é de João

Por fim ama mais aos teus animais, estes sempre serão sinceros e

Mesmo quando errares, é deles o teu eterno e verdadeiro carinho!

Denise B.

Ações inertes

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Aquele que muito prega,

muito erra.

Aquele que muito fala,

um dia cala.

 

Aquele que muito espera,

perde tempo.

Aquele que sente dúvida,

morre aos poucos.

 

Aquele que diz tudo isso,

muito prega, muito fala, muito espera, muito cala…

e nada diz além do

eterno vazio que sente.

 

Denise B.

Texto antigo, ainda não publicado, rs